Em meio ao atual cenário turbulento em Israel, tivemos a oportunidade de conversar com Aline Zanes, uma guia turística brasileira casada com um israelense. Ela nos ofereceu um vislumbre pessoal dos recentes desenvolvimentos, especialmente após seu marido ser convocado para se juntar ao conflito.
“Meu marido fez o serviço militar obrigatório em Israel como combatente”, disse Aline. “Isso significa que até os 45 anos, ele continua sendo reservista. Assim, em qualquer momento de necessidade, o exército de Israel pode chamá-lo.” Aline revelou que, quando as sirenes começaram a tocar pela manhã, a primeira preocupação foi que seu marido seria convocado. A confirmação veio rapidamente através de um WhatsApp.
“Começamos a acompanhar as notícias logo cedo. Mandaram um WhatsApp chamando a unidade dele. Depois de um tempo, uma mensagem chegou para toda a unidade instruindo todos a prepararem suas mochilas e equipamentos. Meu marido, embora reservista, tem um uniforme do exército e outros equipamentos em casa, então nós preparamos tudo, esperando o momento em que ele fosse chamado,” explicou Aline.
Ao ser questionada sobre sua localização, Aline esclareceu: “Moramos em Jerusalém. Estamos longe do principal foco de preocupação, que é o sul de Israel.” Ela expressou incerteza sobre os detalhes exatos da movimentação de seu marido, explicando que, embora ele pudesse atualizá-la sobre a região para onde estava indo, detalhes mais específicos eram confidenciais.
A comunicação entre Aline e seu marido também enfrentou restrições. “Inicialmente, nos comunicamos por WhatsApp. Mas depois ele me ligou para dizer que tinha que desligar o celular, já que parte significativa do conflito hoje é eletrônico. Ele informou que as atualizações viriam através de um dos comandantes”, compartilhou Aline.
Aline também abordou a preocupação crescente com potenciais sequestros e assassinatos por integrantes infiltrados do Hamas no território israelense. Ela comentou: “Em Jerusalém, normalmente, mesmo durante os conflitos, a cidade é mais tranquila. A ameaça real veio de Gaza.”
Os recentes ataques, que resultaram na morte de pelo menos 600 israelenses e 370 palestinos, são uma demonstração da complexidade do cenário. Não se pode generalizar, pois, como Aline lembrou, nem todos os palestinos apoiam o Hamas. Uma preocupação particular da comunidade internacional é a possibilidade de civis palestinos serem mortos em uma ofensiva terrestre.
Houve pedidos de cessar-fogo, mas com a situação atual – incluindo o sequestro de 53 pessoas, entre elas israelenses, americanos e mexicanos – a comunidade internacional considera um cessar-fogo improvável.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anteriormente, expressou a necessidade de vingança, elevando os temores de uma escalada no conflito. No entanto, sob pressão da comunidade internacional, incluindo conversas com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, o governo israelense tem mostrado cautela.
Aline concluiu sua partilha falando sobre a realidade em Jerusalém: “As sirenes tocaram apenas ontem pela manhã. Acordamos ao som delas. Quando isso acontece, nossa primeira reação é correr para um local abrigado com nosso filho. Esperamos que a paz prevaleça em breve.”
Nota: Este artigo baseia-se em uma entrevista conduzida com Aline Zanes, uma residente de Jerusalém, e reflete suas experiências e opiniões pessoais.
